Sábado, 25 de Março de 2006
Ontem 6ª feira foi mais um dia atribulado.
A mãe trabalhou no turno da manhã. Eu o turno da tarde, o que permitiu à cachopa disfrutar da companhia do pai (moi méme) até às 3 da tarde. A essa hora foi lá ter a casa a avó (sempre pronta a ajudar, graças a Deus) e assegurou companhia à miúda até a mãe regressar.
Depois a mãe voltou a ir trabalhar no turno da noite. Consequência? A avó lá teve que ir assegurar a passagem do testemunho às 23.15h. Eu como que por milagre consegui regressar a casa pelas 23.20h o que permitiu cruzar-me com a Gina nas escadas do prédio. Aí foi-me feito o briefing da tarde/noite: a Mariana tinha sido deitada às 22h, mas não quis colaborar. Resultado? Com o chegar da hora da Gina sair, a avó teve que a ir adormecer....o que não estava a ser tarefa fácil.
Lá subi os lanços de escada, entrei em casa e dirigi-me ao quarto. A cachopa ao sentir-me, sentou-se na cama. Estava com aquela face de "perdidinha de sono". Lá me arranjei para ficar com ela, só que entretanto tive que me ir despedir da avó. E então aconteceu: a Mariana, no mais completo silêncio tinha as lágrimas a escorrer-lhe pelas faces. Fiquei com o coração pequenino, pequenino, pequenino.....
Nem imagino o que lhe terá passado pela cabeça naqueles momentos. Mas de certeza que ela estranhou as constantes mudanças de caras num momento que costuma ser feito de rotinas e tranquilidade. Deve ter ficado com um grande nó naquela cabecita.
Fiquei mesmo embasbacado ao vê-la chorar em silêncio!
Claro que a coisa não acabou por aí. Esta manhã foi acordada cedo, uma vez que eu tinha que ir trabalhar, e a mãe ainda não tinha regressado. Vá lá que dormiu bem a noite.
Apre filha, que vida tu tens!
Sábado, 18 de Março de 2006
Hoje o dia não começou muito bem.
A minha mulher sentiu-se indisposta e teve que ir a correr para a casa de banho "deitar a carga ao mar".
A Mariana, sempre em cima do acontecimento, seguiu-a. E embora não percebesse o que se passava, notou que algo não estava bem. E do alto da sua inocência perguntava repetidamente: "Que pacha mamã? Que pacha mamã?"(a dicção não é facilitada por uma chupeta que deve ter doses industriais de supercola 3).
Estava mesmo preocupada por ver a mãe naqueles reparos.
É por estas e por outras que nós dizemos que ela é uma querida.....
Sexta-feira, 17 de Março de 2006
Na próxima semana tenho uma frequência do curso que ando a tirar. Hoje aproveitando um dia de folga programei estudar. O problema é que a Mariana não achou muita graça à ideia. E se há dias em que ando atrás dela a melgá-le, hoje era um bom dia para a deixar em paz. Ela é que não concordou. Mesmo nada! Apesar dos valorosos esforços da mãe para a manter ocupada ela preferiu passar grande parte da manhã ao meu colo, enquanto eu tentava ler qualquer coisa. A certa altura apanhou uma caneta e fez a bela obra de arte que se pode ver em cima, nuns apontamentos do estudo, enquanto dizia com toda a propriedade: "tou a pazê um pópó!" Devo confessar que a matéria ganhou outra perspectiva, depois de decorada pela mão de um ser de 20 meses.... Optei por ver uns bonecos com ela( até estava a dar o Wickie, herói da minha infância). Razão tem um professor meu que diz que as frequências só avaliam o que não interessa nesta vida. Concordo plenamente.
Esta foi uma semana interessante em termos de desenvolvimento do chamado "dialecto local".
-Na 4ª feira , pela 1ª vez, tratou a mãe e o pai pelos nomes completos: mamã Gina e papá Nuno em vez dos parciais mamã Gi e papá Nu;
- também se saiu com um "nã ti a pêpê";
- e um "qué tiá o casáá";
E por fim fez-nos rir enormemente qundo irrompeu pela cozinha ofegante, a arrastar desde a sala o cesto onde guardamos a lenha, e exclamando: "É muto pesáá".
Quinta-feira, 16 de Março de 2006
Desde sempre desejámos fazer uma pintura na parede do quarto dos nossos filhos. Algo que os alegrasse e tornasse único aquele pedaço de casa que se quer só deles.
Durante algum tempo pensámos na possibilidade, mas a coisa nunca foi avante, pelas mais variadas razões. Até que.... me lembrei da Rita!
A Rita, escuteira no meu agrupamento há muitos anos e que eu conhecia desde os seus 10, 11 anos. Lancei-lhe o desafio!
A princípio ela pareceu-me um pouco renitente. Não sei se por medo de falhar ou se por o assunto não ser muito ao gosto dela.
É que a Rita é finalista do curso de Design da Universidade de Aveiro e lá tem as suas preferências... e desconfio que a decoração não é, de todo, uma delas. Mas lá aceitou.
E estou-lhe muito grato. O resultado é o que se pode ver aqui em cima: a história do Peter Pan contada em 3 metros de parede, com um trabalho absolutamente fantástico!
Esta é a nossa forma de dizer à Rita: "Muito, muito obrigado!"
Quarta-feira, 15 de Março de 2006
Há dias que nos põem tristes e pensativos.
A passada 2ª feira foi um deles.
Saímos de casa manhã cedo cada um em direcção ao seu curso de complemento de formação: eu para Coimbra, a Gina para Aveiro. A pequenita ficou em casa da avó. Teve que acordar cedo, com um mau humor terrível, chorosa. Ao deixá-la na minha mãe lançou-me um tímido adeus e um olhar daqueles:" Como é que me podes fazer isto?". Fiquei com o coração pequenino, pequenino, pequenino....
Adiante. Consegui regressar a casa às 18.30h, uma altura óptima para apanhar a Gina também de regresso de Aveiro e arrancar para Anadia à consulta da obstetra (é verdade sim senhor, a família vai aumentar em Agosto!), marcada para as 19.15h.
O problema é que só começámos a ser atendidos às 21.05h, altura em que já estávamos com aquela cara de enterro a pensar na nossa pequenina: "Ai que deve estar aborrecida." "Quando lá chegarmos já vai estar a dormir". "Hoje nem brincamos com ela"..... e por aí fora!
A certa altura dei por mim a pensar: que mundo é este? Que mundo é este que nos obriga a passar o dia inteiro longe de quem mais amamos e quem mais precisa de nós? Porque raio não podemos desfrutar da alegria que é ver o crescimento dos nossos filhos com calma e tranquilidade, acompanhando-os devidamente sempre que eles precisarem, de forma a lhes podermos transmitir de forma efectiva os valores que defendemos?
Agora ela quer-nos sempre e nós muitas vezes não temos oportunidade de estar. Há-de chegar o dia em que vamos ser nós a querer que ela fique connosco e ela nos dirá que não pode.
Confesso que quando penso nesse dia fico um bocado apreensivo.......
Sábado, 11 de Março de 2006
De início foi engraçado e curioso. E até levou incentivos.
A cachopa apanhava coisitas do chão (migalhas ou assim), abria a porta do armário e colocava no lixo. " Muito bem, Mariana. Puseste no lixo, muito bem!".
E a coisa foi correndo. Até ao dia em que a Carolina (boneca do Imaginarium que ela tão convictamente pediu quando entrou na loja) apareceu sem saia. Claro que ninguém ligou. Havia de estar algures, evidentemente. E esse algures descobriu-se: o caixote do lixo.
E a cena continuou durante uns dias. A boneca aparecia em trajes menores e lá íamos ao lixo buscar-lhe a saia. E a Mariana continuava convicta na sua missão, indiferente aos argumentos que lhe apresentávamos de que a boneca tinha frio e não podia estar nua, etc,etc.
Depois disso foram balões, pulseiras e mais bonequitos. Quando ouvíamos o som de uma porta a bater já sabíamos: espetou qualquer coisa no lixo. Engraçado era o sorriso de satisfação com que ela entrava a correr na sala tipo "missão cumprida"!
O medo surgiu depois: " E se ela assapa no lixo com umas chaves, um comando da televisão ou qualquer coisa de valor?"
Agora temos que cumprir o ritual de antes de por lixo no caixote verificar bem se não está lá um Little People ou um molho de chaves.......
Aventuras de quem tem descendência!
Ele há coisas do caneco.
Aqui há uns dias a pequena conseguiu fazer desaparecer a escova de dentes dela. Procurámos, procurámos e nada! Revirou-se toda a casa e nada. Até a senhora que nos faz a limpeza foi alertada para tentar encontrar a dita cuja. Mas nada! Conclusão: "Pô-la no lixo. Só pode."
E pronto ontem lá fomos às compras e ela lá escolheu uma nova escova, com o motivo do Tweety.
Regressámos a casa e lembrei-me de ir tirar da dentro da viola uma caneta que a tinha visto a lá enfiar de manhã. E lá a tirei. Mas estava lá mais qualquer coisa........... e surpresa das surpresas: tcharam, a escova de dentes estava lá! Dentro do viola! Deve ter sido o único sítio que não procurámos (em boa verdade, quem é que no seu perfeito juízo a iria lá procurar?).
Quer-se dizer, acho que quanto mais depressa comprássemos uma nova, mais depressa "a antiga" aparecia!
Deve ser o Criador a ironizar comigo pelo facto da viola estar parada há semanas. O que na prática significa que (com muita pena minha), o aprender a tocar este instrumento foi novamente preterido (é praí a 4ª vez) por diversas circuntâncias.
Quinta-feira, 9 de Março de 2006
Dia de correria.
Saio com ela manhã cedo para ir trabalhar. A mãe tem que passar o dia em aulas na Universidade e como tal a pequena tem que ficar em casa da avó.
Consigo regressar a casa com ela perto das 21.30, já depois do treino semanal de futebol.
Se tudo correr como previsto a mãe já estará em casa. A mãe que ela não vê desde as 7 e meia da manhã. Enquanto subo as escadas pergunto-lhe:
"Quem está em casa, filha?"
Resposta pronta:
"A Tóxiii"........
É em alturas como esta que me esforço por relembrar que: "O melhor do mundo são as crianças".
Sábado, 4 de Março de 2006
Há uns tempos atrás tive uma recordação dos meus tempos de infância: a canção da TV que nos mandava dormir, com o João Pestana, o Manel Esfrega e o Xico Escuro. Após umas pesquisas na net e pedidos de ajuda infrutíferos eis que descubro no DVD "As músicas da carochinha" uma faixa com o nome João Pestana. Um contacto com um amigo que tinha o dvd e zás......... foi o dvd lá para casa. Frustação das frustações: a música não é a mesma (suspiro).
Quem achou graça à coisa foi a pequena. E nós de início também. Sempre eram 30 minutos em que se podia fazer algo: desde arrumar a casa até ver mails ou adiantar trabalhos dos cursos do complemento de formação em que eu e a mãe estamos metidos.
O problema é que rapidamente aquilo deixou de ter graça. Ah pois deixou! Quem é que pode achar engraçado ouvir músicas como "O Jardim da Celeste" 3 vezes seguidas? Acompanhada de todas as outras presentes no DVD? 3 vezes seguidas?
E a coisa foi ficando dramática: deixámos de poder ver o que quer que fosse na TV. Séries como o "Friends" passaram subitamente a ser muito menos populares que "O balão do João".....
Ao acordar houve conversas do tipo:
-Bom dia filha(...) Queres leitinho?
-Pá xá vê Tóxi (para a sala ver carochinha)
Eu acho que a miúda até sonhava com aquilo....
Mas não acabou por aqui. Passados poucos dias eis que um novo nível é atingido: já não basta ela ver. Agora quer companhia, ou seja vai-nos buscar pela mão onde quer que a gente esteja e pouco importa se se está a fazer um jantar para uns amigos que lá vão a casa ou a trabalhar no projecto de investigação.....
Mas não parou por aqui, nada disso. Eis que um belo dia a cachopa decide começar a anunciar a música que vem a seguir. Verídico! Está uma música a acabar e ela anuncia a seguinte recorrendo ao seu (cada vez mais extenso) dialecto local. A princípio pensei que fosse um acaso. Mas quando me sentei ao lado dela e vi o DVD e ela não falhou um anúncio do princípio ao fim convenci-me: já chega.
Agora a coisa vai com algumas regras: quando ela pede o dvd dizemos-lhe logo que é só uma vez e depois não há mais. Ela acena logo que sim e no final......... lá tenta convencer-nos com aquele olharzinho que eu e a minha mulher definimos como o de Hush Puppie. O que é certo é que a maior parte das vezes já conseguimos que não haja duas sequências seguidas de carochinha.
A duvida que se impõe: será de ficar com cópias dos dvd´s? (ai que isto não se pode dizer).......hã....quer dizer...humm..... comprar os dvd´s?
É que apesar de tudo a fala dela até melhorou com aquilo. A questão é: até que ponto podemos nós pais abdicar de alguns luxos (sim, ver uma série de tv para nós hoje em dia é um luxo), para ter outros (sossego, 10 minutos de net....)?